sábado, 31 de agosto de 2013

Poema: Mãe terra



Ao homem um dia 
foi dada a terra
e a ela beleza e alegria
de produzir paisagem bela.

Nela o homem planta
a terra com o seu calor dá a vida
o homem com sua ganância sagaz
destrói com força e sem medida.

Enquanto isso, a terra dorme,
descansa como criança astuta,
mas guarda cada ação do homem
e responde com força bruta.

O homem finge não entender
as consequências de sua ação
a terra aguarda e com altura
mostra sua ira de cão
e responde com os desastres
que nos abordam de supetão.

A natureza é bicho astuto
o homem também não fica atrás
e ambos medem força
pra saber quem pode mais

O homem polui os rios,
derruba árvores e faz queimadas
a terra devolve com força bruta
por ser tentada e provocada.

A missão da terra é cobrir o homem
com os seus frutos produzidos
e a ele oferecer durante a vida
condições de um eterno abrigo,
mas o homem mesmo consciente
vive sendo gente a correr perigo.
                          André Santos Silva


Comentários do autor

   É comum nos dias atuais, percebermos a ação desmedida do homem em muitos aspectos do planeta terra, de modo especial à terra-mãe, o nosso habitat natural.
   Dessa forma, as consequências assolam diariamente os seres humanos, e passamos a viver enquanto reféns de nossas próprias ações. A terra que poderia nos oferecer tudo de mais produtivo - beleza e conforto - nos responde com tamanha brutalidade e nos devolve o caos que ora causamos.
   Vemos então, a imagem sofrida do homem do sertão que luta em busca de melhores condições de vida.
   É necessário que tomemos consciência dos nossos atos e passemos a enxergar o nosso habitat, enquanto espaço finito, que precisa de uma relação de cuidado e zelo. Assim, viveremos, tendo de fato, o que precisamos para sermos felizes: um ambiente bem cuidado e preservado.



sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Poema: O tempo é veloz



Quem poderá decifrar 
os mistérios que o tempo traz
ou dizer, que a vida, com os anos
deixa de ser sagaz?

Quem poderá entender
as andanças desse tempo
que ora nos aliena e nos torna
a alma pequena, 
e às vezes, serena?

O tempo não espera,
também não atrasa, não erra
e em sua lógica não marca horário,
caminha por entre séculos, 
e sempre, tempo é tempo e solitário.

Num instante, sem perceber
ele abre a porta e se vai
e vivemos como quem anda para traz
sem horizonte, 
e isso é constante. 

Quando fecharemos a porta
Para não vermos ou deixar o tempo partir?
Quando respiraremos aliviados
e caminharemos com a certeza
de um futuro não frustrado?

O tempo segue e se vai 
a todo instante durante a vida
se aproveitamos bem o tempo
temos essa essência na vida
e o tempo, com memórias, nos agracia
com experiências bonitas.
               André Santos Silva


Comentários do autor


   O dia nos proporciona um encontro com a felicidade. Mas durante essa caminhada, são muitos os percalços que nos assolam e nos tiram da área de planejamento. Seja por falta de experiência, ou qualquer outro motivo, perdemos a rota e nos envolvemos num emaranhado jogo de dificuldades, o que torna mais difícil um recomeço.
   Então o que fazer? Perder tempo? Não! Ele passa tão depressa que num piscar de olhos a vida já se adiantou e muitos anos também se adiantaram. Caso não tenhamos um equilíbrio constante, nos tornaremos pessoas frustradas, e o pior, sem tempo para realizar o que há muitos anos almejamos.
   Procuremos viver com intensidade, aproveitando diariamente o nosso tempo. Ele é precioso, e a cada ano temos a impressão que ele caminha mais veloz.



quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Poema: Sem malícia




Quem um dia foi criança
sabe bem como é
aprontava o dia inteiro
e de noite, ainda, estava de pé.

Jogava bola na rua
De pau no litro queria brincar
Tunga, esconde-esconde, salva vida
Um bom tempo pra recordar.

Era um tal de bandeirinha
Que o território do outro invadia
E se não corresse velozmente
Escadeirado amanheceria
Por levar paulada com um chicote
Que no momento nem doía.

Criança aprontava mesmo
Sua fantasia era inventariar
Hoje em dia está muito diferente
Criança, não mais quer brincar.

Em casa nossas peraltices
Muitas pirraças sem noção
Todo dia tinha quebra-pau
E briga com os irmãos

Quando a mãe guardava um bolo
Na geladeira, prateleira ou no fogão
Ficávamos na ponta do pé
E ali metíamos a mão
Parece que o bicho tinha mais sabor
E a vida mais emoção.
           André Santos Silva

Comentários do autor

   O ser humano é marcado por memórias. Isso faz com que ele se lembre com alegria ou nostalgia de um tempo que julga relevante para sua formação, enquanto sujeito.
   Com certeza, para aqueles que puderam desfrutar de uma infância saudável, esse tempo traz à tona grandes e marcantes acontecimentos. Qual a criança que nunca realizou uma peraltice? Quem nunca tomou banho de rio, quando proibido pela mãe? Quem nunca subiu numa cadeira ou num banco para pegar, escondido, um pedaço a mais do delicioso bolo feito para o café da manhã ou da tarde?
   Tudo isso acontecia sem malícia, simplesmente, pelo fato de ser criança.



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Poema: De que substância é a mãe?



Sabe o que vou dizer
Quem tem família 
Quero que o vento leve
E que o boato comece a correr
Tomara mesmo que se espalhe
E que muitos ouçam para crer.

Veja bem que guerreira temos
Dentro de casa, nosso lar
Uma figura feminina
Que a força não se pode explicar
Parece que é "imorrível"
Na arte de se doar
De onde vem essa gana?
Sei lá!
Seu corpo é de aço?
Não sei explicar!

Mal amanhece o dia
E ela em seu labutar
Prepara a mesa, deixa tudo proto
Com o seu amor a cuidar
É mesmo uma guerreira
Dessas que... palavras não há.

É impressionante sua luta!
Seus gestos nobres e bonitos
Se o filho é pequeno
Seu amor é infinito
Mas quando o moleque cresce
O sentimento no peito vira grito
E se pudesse, cuidava dele
Muito além do que é previsto.

Ela deveria ser eterna
E penso que aguentaria
Pois é mulher que não para
Nenhum segundo por dia
E se pudesse viveria de novo
Toda a dor e nostalgia
Só pra ver brotar do rosto
Um sorriso de sua cria.
                 André Santos Silva


Comentários do autor

   Parabenizo as mães, em especial, a minha que no despertar da aurora, enche o peito de força e se joga de cabeça erguida à vida, simplesmente por amor.
   Esse poema tem como foco mostrar em sua essência a força da figura feminina que quando toma em suas mãos a decisão de ser mãe, assume um compromisso eterno. Escolha infinita, firmada por um universo de renúncias e de constante zelo.
   Vejo através da minha mãe a imagem impressionante da vocação e da doação, momento em que rasga a vida própria e gera uma outra vida, que também se torna a própria vida, afinal, mãe e filhos são eternos.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Poema: Naquele tempo




"Não se faz mais 
pessoas como antigamente"
que ficavam do lado de outrem
com carinho e sentimento
e eram pra vida toda,
na alegria e no sofrimento.

Não quero aqui me referir,
somente ao casamento,
eu me refiro aos âmbitos da vida
em que se vivia sem tormentos.

Não havia preocupação
quando o outro se aproximava
não havia o tal interesse
só amizade e mais nada.
E esse sentimento, intenso,
fortalecia e nos completava.

Tenho saudade do tempo
em que pessoas eram eternas
que quando viam sinal de fogo
estavam prontas para a guerra
mesmo que fosse lá na lua,
na imensidão ou na terra.

Tenho saudade daquele tempo
em que companhia era "parcerísmo"
em que a raiva não durava
e não se tinha egoísmo.

Mas o mundo mudou
e hoje vivemos em constante adaptação
e vemos despontar a cada dia
a era da enganação
em que sentimentos são esquecidos
tal qual o coração.

E o que hamos de desvalorizar, ainda,
nessa infinita nação?
               André Santos Silva

Comentários do autor

   O ser humano vive e corre um grande risco por viver. No entanto, viver é bom, é prazeroso, é gostoso. Viver é simplesmente estar vivo e buscar a cada dia vencer os obstáculos que permeiam a nossa caminhada.
   Como diz Humberto Gessinger - Banda Engenheiros do Hawaii - na canção Infinita Haghway, "Não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir. Não queremos ter o que não temos. Nós só queremos viver, sem motivos, nem objetivos. Estamos vivos e isto é tudo". Em outras palavras, não precisamos de motivos pra vivermos, precisamos viver porque estamos vivos e isso é o que vale a pena, viver bem por viver bem, até porque a vida aqui é única e passa muito rápido.
   Por outo lado, nos deparamos com uma nova realidade: a era das mudanças. Época em que não sabemos ao certo como conduzir a vida nessa cadeia capitalista, em que os valores são substituídos por ações maldosas, que descaracterizam a pessoa humana.
   Assim, é correto afirmar: viver é bom, e estar vivo é o que importa. Então, se jogue, avance, tente, se decepcione com outrem. Tudo isso com responsabilidade.
   Seja feliz!  O ônibus não espera o passageiro.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Poema: Gato no saco




Você que tem gato no saco
Cuidado precisa tomar
O bicho cresce e vira elefante
E em você pode pisar.

Seja o olhar que lança à vizinha
Ou aquela velha escapadinha
Um cheque sem fundo no banco
Ou uma dívida na vendinha.

Você que tem gato no saco
Certifique se está seguro
Caso o gato escape e corra
Você terá que saltar o muro
O bicho vira um leão gigante
E o coloca em apuros.

Mas se o seu gato for pequeno
Não deixe o bicho crescer
Caso ele se desenvolva
Vai devorar você
Que se sentirá envolvido
E não terá o que fazer.
                  André Santos Silva


Comentários do autor

   Gato no saco é um texto que reflete sobre as problemáticas que nos envolvemos diariamente. Muitas vezes passamos por problemas e não temos coragem de encará-los. Então, ficamos com um gato no saco. E se não tivermos cuidado e não resolvermos esses impasses que nos assolam, o problema cresce e jamais conseguiremos resolvê-los.
   É importante que a cada dia retiremos o gato do saco e amansemos o bicho. Resolver e encarar os problemas é tarefa de cada um e enfrentá-los, com certeza, nos tornará mais fortes e resistentes.







domingo, 25 de agosto de 2013

Poema: Palhaçada do palhaço?



O palhaço
acordou com dor no peito!
Isso acontece 
mesmo com quem vive 
de palhaçada, de arte, de risada.

A tristeza hoje o pegou de jeito.
E daí se é palhaço
e traz a graça no peito?
Palhaçada, risada,
isso pode ser profissão.
Mas o sentimento, não!

É vivo, queima o peito
flagela o sujeito
e ainda o arrebenta 
quando o pega de jeito.

O palhaço pintou 
o seu retrato, triste.
Talvez, com um rosto
que nunca ninguém soubesse
que existe.

E o triste é que, 
mesmo sendo palhaço,
às vezes a solidão o acompanha
de um jeito invasivo, cheio de manha.

Mas tenho certeza,
que isso há de passar,
palhaço que é palhaço
também deve chorar.
Todos temos aquela hora
de nossas forças renovar.

Enquanto a palhaçada, o riso,
amanhã, haverão de voltar
e o palhaço na sua arte
há de nos alegrar.
              André Santos Silva


Comentários do autor

   O ser humano, em sua essência, é movido por sentimentos. Por mais forte que seja o "sujeito", sempre traz sentimento em seu peito.
   Como diz um artista em uma composição musical, "o cabra pode ser valente e chorar". O homem chora, a mulher chora, a criança chora. Enfim, todos choramos, de alguma forma ou de outra, sempre arrumamos um jeitinho para chorar.
   E você é movido a quê? A sentimentos? Ah! Então pode chorar...


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Poema: Sangue




O sangue que corre 
Em minhas veias
É sangue bom
Não me trapaceia

O sangue que corre 
Em minhas veias
Pode ser que me trapaceie
Mesmo assim,
É sangue cheio de gana
De raça, 
E é bacana.

É sangue latino, 
É americano 
E se por um instante
Deixar de ser sangue
Também deixa de ser vida,
Que deixa de ser vivida,
E deixa de ser vívida.

O sangue que corre
Em minhas veias
Talvez seja da cor da emoção
Da raça, da força 
E do traquejo do coração.

Esse sangue aqui
É aquele mesmo lá
Do outro que sofre e sorri
Vive e luta.

Não importa se é azul, preto,
Vermelho, amarelo, pardo,
Índio, caboclo ou mameluco
O sangue corre 
Até que  a vida se finde,
E busca o seu percurso.

E se mais tarde, 
Parar e coagular
O sangue foi 
E sangue sempre será
E jamais viveu sozinho
E no corpo de todos
Procurou o seu caminho.

Somos gente de sangue,
Raça, força e fé
Somos gente de sangue no olho
E não se pode negar o que é
Somos gente irmã
E venha o que vier.
              André Santos Silva


Cometários do autor

   Somos todos iguais, formados da mesma estrutura física. Como diz a escritora Rachel de Queirós em uma de suas crônicas - Riqueza - "Somos feitos da mesma estrutura óssea. Somos um saco de pele e osso. Se dentro dele pouco valemos, imagine fora".






quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poema: Um




A bela mulher tem um corpo
O jovem rapaz, um corpo tem
Nas entrelinhas de um texto
Há um corpo também

E a quem diga 
Que não conheça
No espaço 
Corpos também há
Diversos, muitos, 
Inúmeros pelos ares
Mas não há dois ou mais corpos
Ocupantes dos mesmos lugares

Para o homem, às vezes, 
O corpo é apenas desejo
Para a mulher, em seu romantismo
Do corpo, deseja um beijo

Outras, o homem 
Do corpo quer 
Um aconchegante abraço,
E o calor da mulher

Outras, a mulher
Do corpo quer um abraço
A presença aconchegante
E o calor em seu tempo e espaço

Mas se dois corpos 
Não ocupam o mesmo lugar
Como é que fica então
A teoria de amar?
Dois corpos são apenas um
E separados não podem estar.
As almas se encontram
E duas, não mais há
Nesse instante 
Não há quem diga
Há um corpo aqui
E outro acolá.
           André Santos Silva


Comentários do autor

   O corpo é um elemento importante para a vida de qualquer ser humano. Uma prova disso, é que precisamos dele para a nossa existência. Por meio do corpo, realizamos as ações de ir e vir.
   Somos corpo, visualizamos o corpo, precisamos do corpo, amamos o corpo, respeitamos, desrespeitamos e muitas vezes matamos o corpo. Somos vários e a própria criação nos torna um.
   Então respeitemos o corpo. Todos somos um!