quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Cordel em homenagem ao professor


    Escrito por Nilda Fernandes 
                   (mãe do meu amigo Daniel Fernandes Lima)                                       

    “Ninguém começa a ser professor, numa certa terça-feira às 4 horas da tarde. Ninguém nasce professor ou marcado para ser professor. A gente se forma como educador permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”(Paulo Freire).

Vou iniciar um cordel
Com uma única intenção:
Homenagear meus colegas,
Companheiros de profissão.
Há dois séculos passados
D. Pedro, o Imperador,
Decretou 15 de outubro
Como o Dia do Professor. 
O Decreto imperial
Teve fama e muita glória
Mas logo virou poeira
Nas páginas de nossa história.
O decreto também criou
O  ensino elementar 
Falou em descentralização 
E em férias pra descansar.
Boas férias merecidas...
Com reconhecimento legal
Dez dias era o direito 
Do descanso anual.
Na escola do Império
Não era difícil ensinar
Bastava ter na ponta da língua
Os verbos: ouvir e calar. 
As inovações do Monarca 
Foram apenas pra inglês vê 
Formatadas em decretos
Para nunca acontecer.
Entre a  escuta e o silêncio
Forjaram  a educação
Na fornalha do certo/ errado
Com o martelo da submissão.
Mais de cem anos depois
Do decreto do Imperador
Aconteceu uma festinha
Um mimo para o professor.
Mimo aqui mimo acolá
Vamos juntos combinar:
Não são decretos nem leis
Que vão nos valorizar.
Pensando em evitar a estafa
E as doenças da profissão
Os professores fizeram 
A primeira paralisação.
Em 1963
Aconteceu a parada,
O dia virou feriado
Em data oficializada.
Foi uma data festiva 
Dia de celebração
Parecido com este momento
De bonita integração. 
Aquilo sim foi uma festa
Razão para comemorar,
Nosso calendário teria, enfim: 
Seu feriado escolar.
Mas hoje em dia  é muito difícil 
Trabalhar na educação
é muita canseira e enfado
E pouca valorização.
Veja só que paradoxo
Que destino desigual
Ainda continuamos súditos
Em plena era digital.
Se o professor é muito jovem
Falta-lhe  experiência
Ainda não tem maturidade 
Para exercer a docência.
Porém se já é vivido
E tem experiência pra dar
Não tem o perfil necessário
Está mais para gagá.
Ser professor é um desafio
No mundo da tecnologia
Pois precisa equilibrar 
Competência e alquimia.
Precisa acreditar na vida 
Com a fé de uma parteira
Pra não virar ouro dos tolos
Em casa sem eira nem beira.
“Todos são iguais perante a lei”
Está em nossa Constituição
O professor também é igual
Um Severino por profissão.
Isonomia e justiça salarial
Para  função de igual valor
Difícil é saber quanto vale 
O trabalho de um professor.
Umas vitórias  alcançadas, de fato,
Outras continuam no papel
Esperamos que elas cheguem
Antes que cheguemos ao céu.
As conquistas que tivemos
Não foram dádivas gratuitas,
Foi o saldo dos movimentos
Resultado de muitas lutas.
E para finalizar,
As pobres rimas que fiz, 
Quero tomar emprestado
Uma fala bem mais feliz, 
Do meu amigo André Santos Silva:
Poeta, professor e aprendiz:
“Fico em silêncio a imaginar
Esse mundo sem professor:
Não existiriam psicólogos,
Carpinteiros... até mesmo doutor.
E no mundo haveria uma lacuna 
Com a ausência de amor
Pois faltaria a grande estrela.
Que se chama professor. 
              Nilda Fernande de Oliveira Lima