A vida tá dura
E não sobra nada pra quem quer
Faltam emprego,
Escola, saúde e educação
E quem tem sorte nesse tempo duro
Conta ainda com um pedaço de pão
Tenha fé, José!
Não é hora de o barco abandonar
Sei que lazer já não temos
E o essencial, começa faltar
Mas tenhamos força, José
Ainda podemos gritar
Coragem, José!
Sei que a vida está um faz de conta
Mas ainda temos força nos braços
E um grito preso na garganta
Na hora certa ele sai
E quem sabe a vida se espanta?
Fé, José!
É triste mesmo ver essa partida
Jovens voam e vão em busca
De um futuro, de uma nova vida
E você há de curar
No seu peito essa ferida
Esse não é o quadro que sonhou
Pra sua realidade esquecida
Mas a vida continua, José!
Sente-se e lute
E se possível, tome um café
E enquanto sente o doce-amargo
Da vida que tem
Crie uma ideia nova e tenha planos também
E se a vida não melhorar
Corra, José!
Mude-se de lugar
E não fique parado e nem zen
Sei que a realidade circundante
Não é sonho de ninguém
André Santos Silva
Comentários do autor
Nesse texto o autor cria a figura de José, um personagem, que recebe aconselhamentos de força, fé e superação. O mesmo representa diversas pessoas da cidade de Maiquinique e tantas outras do país que vivem essa realidade caótica de necessidade, que ora, nos assola.
Em José, vemos a figura do jovem que passa por necessidades e, de certa forma, vivencia um presente cheio de desesperança e um futuro sem muitas expectativas. Como é visto por todos, ao longo dos últimos anos, o cerco se fechou em nossa cidade e outras vizinhas, e a população que vive sem esperança de um trabalho, parte em busca de uma nova oportunidade em grandes capitais, ou outras cidades menores que ofereçam uma garantia de vida.