O coração da gente,
Às vezes, é um bicho estranho
Mia mais que gato no cio
Ou cachorro que fica babando.
O coração da gente, de vez em quando,
Fica marrento e dá calundu
E quando decide criar birra
Fica duro, tal qual murundu
Faz um furdunço dentro do peito
E se precisar pulsa sem jeito,
Tonteia a alma e sem calma
Arrasta e derruba o sujeito.
Depois do cara caído
O coração vira anjo
E se sente arrependido
Passa a viver pelos cantos
Escabreado como bandido
Mas logo se revigora
E o passado é esquecido.
Quer ver sofrimento medonho
É quando o danado se apaixona
Ele faz o sujeito perder as forças
E a coisa logo desanda
Enquanto isso, o homem sofre
E tira pinta de bacana.
Contudo, é bom ter um coração
Mesmo que às vezes sinta vontade
De colocá-lo num canto, no chão
Para que ele aprenda mais cedo
A não tirar onda de machão
Que tenha cuidado dobrado na vida
E não se meta em confusão.
André Santos Silva
Comentários do autor
O coração é um órgão do corpo humano responsabilizado pelas nossas atitudes diárias. As nossas emoções, sentimentos e reações: afinal quem paga o pato é o coração. Se o indivíduo é bom, diz-se logo, esse cara tem o coração bom. E assim, vice e versa.