terça-feira, 5 de novembro de 2013

Poema: Papo e diversão



Três senhoras sentadas
Enquanto duas riam
A outra conversava
E num clima de criança
A bagunça começava.

Uma falava da infância
E duas davam gargalhada
E logo, sem pestanejar
A mesma história recomeçava
E as duas senhoras novamente
Esvaiam-se em gargalhada.

Das três senhoras 
Que ali permaneciam sentadas
Uma era surda e a outra 
Nada falava
Apenas liam os lábios
Da senhora que se expressava.

Então, de onde é que vinha
Aquela medonha risada,
Se uma não ouvia,
E a outra não falava?

Foi quando entendi
Que as duas velhinhas ali sentadas
Tudo viam e nada passava
Enquanto a velhinha interagia
As outras duas mijavam,
Sorriam da brincadeira
E não entendiam nada. 

E as três velhinhas ali
Permaneciam sentadas
Enquanto uma interagia
As outras, apenas, mijavam
E felizes da vida 
Soltavam gargalhadas.
                        André Santos Silva


Comentários do autor

   O poema Papo e diversão é uma metáfora de uma fase da vida humana que retrata a inocência do homem ou da mulher. 
   O texto traz como ápice a riqueza humana em tornar a realidade, a ausência de memória, uma fase vivenciada sem malícia. No entanto, é importante que haja um zelo maior para que os acontecimentos simples (desencadeados por qualquer ser humano) não se tornem complexos e vexatórios.
   Em qualquer etapa da vida o ser humano deve ter os seus direitos respeitados para que possa viver dignamente.