Três senhoras sentadas
Enquanto duas riam
A outra conversava
E num clima de criança
A bagunça começava.
Uma falava da infância
E duas davam gargalhada
E logo, sem pestanejar
A mesma história recomeçava
E as duas senhoras novamente
Esvaiam-se em gargalhada.
Das três senhoras
Que ali permaneciam sentadas
Uma era surda e a outra
Nada falava
Apenas liam os lábios
Da senhora que se expressava.
Então, de onde é que vinha
Aquela medonha risada,
Se uma não ouvia,
E a outra não falava?
Foi quando entendi
Que as duas velhinhas ali sentadas
Tudo viam e nada passava
Enquanto a velhinha interagia
As outras duas mijavam,
Sorriam da brincadeira
E não entendiam nada.
E as três velhinhas ali
Permaneciam sentadas
Enquanto uma interagia
As outras, apenas, mijavam
E felizes da vida
Soltavam gargalhadas.
André Santos Silva
Comentários do autor
O poema Papo e diversão é uma metáfora de uma fase da vida humana que retrata a inocência do homem ou da mulher.
O texto traz como ápice a riqueza humana em tornar a realidade, a ausência de memória, uma fase vivenciada sem malícia. No entanto, é importante que haja um zelo maior para que os acontecimentos simples (desencadeados por qualquer ser humano) não se tornem complexos e vexatórios.
Em qualquer etapa da vida o ser humano deve ter os seus direitos respeitados para que possa viver dignamente.
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