quinta-feira, 25 de abril de 2013

Poema: Esse tal coração

É mesmo mistério do coração
um dia um simples olhar,
uma dádiva, um gostar,
uma paixão.

Um gesto de doçura,
um palpitar, 
um piscar de olhos
e um aperto de mão.

De repente, 
surge o grande vilão
que vai crescendo 
e se torna imenso
aqui dentro do coração
E nos faz enxergar 
uma outra dimensão
dois caminhos, agora um
numa nova direção.

Esse tal amor, sei não!
Torna a gente bobo, manda no coração
e ainda corrói por dentro, 
tal qual um furacão.

E tudo se acalma, ou vira confusão
se os olhares se encontram, meu Deus,
que satisfação! Uma dança,
um beijo, outro beijo e um aperto de mão.

E dessa forma segue a vida, com amor e inspiração
e esse sentimento fica monstruoso
lá no fundo do coração.
E se agente se desliga... aí não aguenta não.
                             André Santos Silva



Poema: Minha velhice

Da janela, 
vejo o movimento incessante da rua
rua que um dia, na minha juventude,
caminhei exaustivamente, 
rua que um dia reclamei em trilhar,
que me recusei a observar.

Da janela vejo a mocidade
que caminha de cá para lá
e de lá para cá
que para no caminho
conversa, rir e se diverte.

Da janela vejo
a rua que um dia trilhei sem pensar
que o tempo não para
e que a pele envelhece

Vejo muito mais do que eu queria
da minha janela:
uma mocidade que perde tempo,
que não se regozija com o instante feliz,
com o semblante da idade principal
da jovialidade que não se faz eterna.

Da minha janela, vi
vejo e ainda verei muito mais.

Só não consigo ver
um antídoto que me faça revigorar
para que um dia eu possa nessa antiga rua andar
trilhar alguns passos que se perderam
ao logo dos meus muitos anos.
                      André Santos Silva