segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Poema: Vanvão



Há quem diga que do passado
Lembranças boas são retiradas
E quem um dia garoto foi
Guarda na vida muitas risadas.

São tantas as boas lembranças
Vividas por uma sadia garotada
Que em tudo fazia singela arte
E levava a vida simples e animada.

Pegava "vanvão" e prendia numa gaiolinha de barro
Fazia de registro de contador uma máquina fotográfica
Vivia feliz sua vida humilde e cheia de fantasia
Sem usar o que se vê hoje e que é pura presepada.

As crianças do tempo de outrora
Talvez cometessem erros e se desviassem do caminho
Mas os acertos que construíam por meio dessa infância gostosa
Davam respaldos para voarem e serem livres como passarinhos.
                                André Santos Silva



                       Comentários do autor


    Tenho saudades do tempo em que eu era criança e podia com toda liberdade (e com consciência) brincar de bola, subir num monte de areia, prender um vanvão e colocá-lo numa gaiolinha feita de barro e talisca de palha de coco.
     Saber que um momento de espera podia gerar um grande instante de alegria. Juntar com os meninos da rua e sair à caçada. E o prêmio? Ah, esse com certeza, era o sorriso estampado no rosto por saber que o vanvão que estava ali no buraco do monte de areia veio para fora e se alojou no plástico transparente que estava em minhas mãos. Isso significava que eu tinha um prisioneiro em minha gaiola de barro e talisca, feita com várias repartições. 
   E além disso, não tinha preço, reaproveitar um adjutor de contador de energia para utilizar como máquina fotográfica. Cada vez que a trava fazia um barulho, era uma foto imaginária. A garotada encantada fazia pose. Mas a foto era guardada em nosso coração e para sempre fixada em nossa memória.