terça-feira, 17 de março de 2015

Poema: Por que o cachorro não mija em pé?



O cachorro é um bicho astuto
Desses movidos a desconfiança
Se o trata com carinho e jeito
Logo se derrete feito criança.
Mas se o rejeita e com ele é grosseiro
Vira um sujeito presepeiro e ninguém o alcança.

Em casa quando o dono sai
Ele, o rabo, fica a balançar
Parece que enlouquece e perde o juízo
E do dono, a atenção quer chamar.
Vira, corre e de tristeza se estrompa
E se acha alguma saída, se apronta, na carreira a se embalar.

Quando o seu dono chega do trabalho
E o seu cheiro, o danado sente
Corre e mais uma vez perde o juízo
E de alegria se faz de inocente.
O bicho se anima e com sua astúcia
Pula no dono e numa labuta, falta falar igual a gente.

Mas há uma simples coisa nessa vida
Que o cachorro nunca mais terá coragem
É de fazer xixi, em pé, pelos muros
Por causa de um boato corriqueiro de maldade
Que invadiu o mundo bizarro dos cachorros
E de cada um deles abriu o olho, ao fazerem suas necessidades.

Um cachorro vergonhoso olhou prum lado
E de pé no canto do muro, cabisbaixo, se pós a mijar.
Como tem gente curiosa, no mundo animal não é diferente
Tem sempre um danado astuto a observar
Foi quando o muro balançou, caiu e matou o mijador 
O curioso logo correndo se mandou e espalhou a notícia pelo ar.

Por isso, que sempre hoje em dia
Um cachorro quando precisa urinar
Escora o muro, a parede, o cepo com a perna
Para risco de morte não precisar passar.
E caso o lugar da mijada comece a tremer
Num tiro, o cachorro se põe a correr e terá tempo de sua vida salvar.
                                            André Santos Silva



Comentários do autor


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      Por meio dessa maneira cultural, de contos e causos engraçados, que quase não vemos na sociedade atual, podemos planejar belas histórias, ensinamentos e criar grandes literaturas, que passarão por diversas gerações.
         E viva a cultura popular!