Sentar na porta de casa
E simplesmente um papo bater
Conversar com a vizinhança
E o contato manter
No interior esse costume
É realizado todo dia
Quando os afazeres acabam
É hora da alegria
Sentam-se na porta de casa
Mãe, pai, filho e filha
Avó, avô, vizinho e madrinha
Descasca-se uma cana
Come-se um bela jaca
Divide-se uma rapadura
E se faz churrasco na praça
Aniversário torna-se festa
Com frutas faz-se batida
Tudo sem molecada e bagunça
Vizinho, visitantes, todos viram família
Sentados na calçada
Onde ficam ali por muito tempo
No calor o papo se estende
E todos vivem o momento
De conversa, de companhia
De viver como vizinhos
Que gozam sempre de alegria
Minha cidade do interior
Além de quente tem mais calor
De gente que vive a vida
E que sabe o gosto e o seu sabor
André Santos Silva
Comentários do autor
Sinto saudades do tempo de infância em que se podia sentar do lado de fora de casa, na calçada e sob a luz de uma bela prosa descansar e curtir o que a vida podia proporcionar. Saudade do contato saudável que se tinha com a vizinhança que tudo partilhava, e que a ela também se partilhava: experiências de vida, alegrias, tristezas, belas histórias e um convívio intenso com o verdadeiro espírito da boa vizinhança.
Apesar das mudanças que nos assolam, em nossa cidade ainda vemos um pouco desses costumes.