sábado, 1 de novembro de 2014

Poema: Momento pós-eleição



No período eleitoral
O bicho no Brasil ficou solto
O cara que votou em Maria
Não quis ver João bem no jogo
Disse asneiras para quem não o seguia 
E se transformou num sujeito escroto.

Maria querendo ser popular
Também mandou a bronca que fez
Fez João, a seco, engolir fogo
E disse que o cara seria seu freguês
Semeou um discurso de progresso
E o eleitor pirou de vez.

Logo vieram os debates
E os candidatos quase no tapa saíam
Os eleitores sentados em casa
Atentos a tudo assistiam
E os candidatos enfurecidos
Mesmo sem propostas, aos fanáticos convenciam.

Manoel era doente de amor por João
Não era político, mas se considerava uma figura, um barato
Foi conquistado na lábia por ser desentendido do assunto
Depois ficou em casa rindo, pensando e sonhando alto
Acreditou nas promessas políticas feitas por João
Quando na surdina era armado, o tal famoso balaio de gato.

Maria que também era muito esperta
Tratou logo das mulheres, a confiança, ganhar
Fez também seu jogo de empurra, empurra
E o candidato quis "disfolar"
Só não saiu no tapa no debate
Porque tal atitude como essa não se permitem no lugar.

Os dois candidatos, ali, frente a frente
O povo atento em casa, o debate, a escutar
Pedro, Vilma e José com raiva cuspiram fogo
Desejaram o seu adversário, num mal súbito, engarguelar
E os candidatos sarcásticos, depois do tal desafio na televisão
Com um sorriso no rosto, estendem as mãos a se cumprimentar.
                                                    André Santos Silva



Comentários do autor


   É muito comum na época de campanhas eleitorais acontecer desentendimento entre as pessoas por conta das diferentes escolhas partidárias. Esse período, é considerado um momento em que os ânimos ficam aflorados, e isso gera certa inflamação aos simpatizantes de algum candidato, o que acaba ocasionando o rompimento de uma relação.
   Pelo fato de morarmos em um país, em que a democracia é um direito do cidadão brasileiro, em hipótese alguma, uma situação desse tipo poderia acontecer. O fato é que até mesmo as famílias se transformam em inimigas, desrespeitando assim, o direito do outro.
   Enquanto isso, os candidatos que disseminaram a discórdia, por meio de suas promessas e discursos vazios, após as eleições, estendem as mãos, se abraçam e vão descansar em alguma praia, curtindo o tão sonhado e merecido descanso. 
   E os eleitores brigões? Esses com certeza, seguirão suas vidas, tendo o direito de, por um longo período, fazerem a outrem, "caras e bocas".