terça-feira, 31 de março de 2015

Barragem do Sobradinho




O homem em seu processo de evolução causa grandes transformações

Em meio ao cenário musical brasileiro destacam-se Sá e Guarabyra, uma dupla formada em 1973 pelos compositores e cantores Luís Carlos Pereira de Sá (Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1945) e Guttemberg Nery Guarabyra Filho (Barra, Bahia, 20 de novembro de 1947), autores da canção Sobradinho, que é consagrada por sua temática tão presente nas ações do homem. Seu surgimento se deu no momento em que houve a necessidade de levar aos cantos do Brasil a discórdia referente aos projetos que para alguns representavam a evolução e o crescimento da economia do país, e para outros o fim de uma história de referência da própria vida.
Canção bela, cantada por muitos na época, mesmo sendo um período no país, em que não se podia expressar a opinião, pois se vivia o Governo da Ditadura Militar. Homens corajosos, talentosos como Sá e Guarabyra fizeram de sua arte a voz que serviu para abrir os olhos de tantos brasileiros.
Essa indignação foi cantada para criticar o surgimento de uma barragem que economicamente poderia trazer benefícios ao país, no entanto, o governo da época, por ser rígido e ditador, não teve o bom senso de olhar para o povo que mesmo sendo beneficiado com um grande feito da evolução, perderia sua história e posteriormente sua referência enquanto sujeito de uma localidade.
O foco da música é mostrar que nascem no homem ideias revolucionárias: o homem chega e desfaz da natureza, locomove gente e faz represa. Ela dá a ideia de que tudo vai mudar a partir dessa iniciativa. Enquanto isso, ele utiliza a água do Rio São Francisco para construção da Barragem do Sobradinho e na ânsia de ver a transformação, alaga as cidades Remanso, Casa Nova, Sento-Sé, Pilão Arcado e Sobradinho. O povo é obrigado a abandonar essas regiões e vê sua história e o seu espaço embaixo d’água.
Para maior expressão dessa realidade, os autores ainda na composição, abordam conhecimentos populares e utilizam como referência o ditado do saudoso Antônio Conselheiro, o beato do sertão, que à luz da sabedoria popular, reafirma que um dia o sertão há de virar mar e o mar sertão. Eis aí a imagem da nossa realidade atual. O nordeste que sempre sofreu por falta d’água, agora recebe pessoas da região sudeste que é tão assolada e castigada pela seca.
Assim, somos levados a acreditar que a visão de Sá e Guarabyra ao escreverem tal canção, exprime a mais pura verdade quanto ao homem, o processo de evolução e o prejuízo que ela pode ocasionar, caso suas ações não sejam executadas com responsabilidade.