O homem em seu processo de evolução causa
grandes transformações
Em meio ao cenário musical brasileiro destacam-se
Sá e Guarabyra, uma dupla formada em 1973 pelos compositores e
cantores Luís Carlos Pereira de Sá (Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1945) e
Guttemberg Nery Guarabyra Filho (Barra, Bahia, 20 de novembro de 1947), autores
da canção Sobradinho, que é consagrada por sua temática tão presente nas ações
do homem. Seu surgimento se deu no momento em que houve a necessidade de levar
aos cantos do Brasil a discórdia referente aos projetos que para alguns
representavam a evolução e o crescimento da economia do país, e para outros o
fim de uma história de referência da própria vida.
Canção bela, cantada por muitos na época, mesmo
sendo um período no país, em que não se podia expressar a opinião, pois se
vivia o Governo da Ditadura Militar. Homens corajosos, talentosos como Sá e
Guarabyra fizeram de sua arte a voz que serviu para abrir os olhos de tantos brasileiros.
Essa indignação foi cantada para criticar o
surgimento de uma barragem que economicamente poderia trazer benefícios ao
país, no entanto, o governo da época, por ser rígido e ditador, não teve o bom
senso de olhar para o povo que mesmo sendo beneficiado com um grande feito da
evolução, perderia sua história e posteriormente sua referência enquanto
sujeito de uma localidade.
O foco da música é mostrar que nascem no homem
ideias revolucionárias: o homem chega e desfaz da natureza, locomove gente e
faz represa. Ela dá a ideia de que tudo vai mudar a partir dessa iniciativa.
Enquanto isso, ele utiliza a água do Rio São Francisco para construção da
Barragem do Sobradinho e na ânsia de ver a transformação, alaga as cidades
Remanso, Casa Nova, Sento-Sé, Pilão Arcado e Sobradinho. O povo é obrigado a
abandonar essas regiões e vê sua história e o seu espaço embaixo d’água.
Para maior expressão dessa realidade, os autores
ainda na composição, abordam conhecimentos populares e utilizam como referência
o ditado do saudoso Antônio Conselheiro, o beato do sertão, que à luz da
sabedoria popular, reafirma que um dia o sertão há de virar mar e o mar sertão.
Eis aí a imagem da nossa realidade atual. O nordeste que sempre sofreu por
falta d’água, agora recebe pessoas da região sudeste que é tão assolada e
castigada pela seca.
Assim, somos levados a acreditar que a visão de
Sá e Guarabyra ao escreverem tal canção, exprime a mais pura verdade quanto ao
homem, o processo de evolução e o prejuízo que ela pode ocasionar, caso suas
ações não sejam executadas com responsabilidade.