sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Matéria sobre o surgimento do rádio


Poema:
O Rádio


Que bicho é esse
Que fala e ninguém vê
Em casa a gente escuta
E curte pra valer?

Como qualquer outro bicho
Teve também evolução
Foi criado e inventado
Pra facilitar a comunicação

Por meio dele
A gente escuta recado
Ouve uma boa música
E se estivar apaixonado
Não desgruda do aparelho
E o traz sempre do lado

Esse bicho é mesmo bom
E não tem hora pra escutar
Sempre que tiver vontade
E o danado tiver no ar
Basta apertar o botão 
E a faixa sintonizar

É romântico, roqueiro
E pode ser até sensual
Mas se o liga de madrugada
O sertanejo como no pau
E a vida do homem do campo
Ganha espaço nacional

É mesmo fantástica
Uma invenção singular
Mesmo com o passar do tempo
Ainda tem o seu lugar
E não foge do seu papel
Que é mesmo informar 
                    André Santos Siva


A história do rádio


   Nesta seção você conhecerá melhor a história e os principais fatos que marcaram o início de um dos mais importantes veículos de comunicação em massa: o Rádio.

O Rádio: Definição e Características


   O rádio é um veículo de comunicação, baseado na difusão de informações sonoras, por meio de ondas eletromagnéticas, em diversas frequências. Ele pode ser caracterizado como um meio essencialmente auditivo, formado pela combinação do binômio: voz (locução) e música.
   O rádio entre os meios de comunicação em massa, pode ser considerado o mais popular e o de maior alcance do público, não só no Brasil mas no mundo, isso pela capacidade que o homem tem em ouvir a mensagem sonora e falada simultaneamente e não ter de interromper as suas atividades e se dedicar exclusivamente à audição. Segundo dados do Ministério das Comunicações, o Brasil possui aproximadamente 3.000 emissoras de rádio, sendo que distribuídas aproximadamente em 50% para AM e FM.
   Como todo meio de massa, a comunicação pode ser caracterizada como pública, transitória e rápida. Ela é pública, porque, na medida em que as mensagens não são endereçadas a ninguém em particular, seu conteúdo esta aberto ao critério público. Rápida porque as mensagens são endereçadas para atingir grande audiência em tempo relativamente curto, ou mesmo simultaneamente. Transitória, pois a intenção é de que sejam consumidas imediatamente, não se destinando a registros permanentes, naturalmente há exceções, como filmotecas, gravações etc.

O início

 

   Tudo começou com Michael Faraday, grande sábio inglês que descobriu em 1831 a indução magnética, assim como a grande contribuição dada por James C. Maxwell que descobriu matematicamente a existência das ondas eletromagnéticas diferente somente em tamanho, das ondas de luz, mas com a mesma velocidade (300.000 Km/s). Outro personagem que marcou a história das comunicações foi Thomas A. Edison quando em 1880 descobriu que colocando em uma ampulheta de cristal um filamento e uma placa de metal separada entre si e ligando-se o filamento ao negativo e uma bateria e a placa ao positivo, constatava-se a passagem de uma corrente elétrica da placa para o filamento e nunca em sentido contrário. Grande contribuição também foi dada pelo professor alemão Henrich Rudolph Hertz que comprovou na prática em 1890 a existência das ondas eletromagnéticas, chamadas hoje de “Ondas de Rádio”. Suas experiências basearam-se na teoria de Maxwell, Hertz descobriu que ao fazer saltar uma chispa em seu aparelho oscilador, saltavam também chispas entre as pontas de um arco de metal colocado a certa distância denominado resonador. Hertz demonstrou com essa experiência que as ondas eletromagnéticas tem a mesma velocidade que as ondas de luz. Em sua homenagem, as ondas de rádio passam a ser chamadas de “Ondas Hertzianas”, usando-se também o “Hertz” como unidade de frequência.

As primeiras transmissões radiofônicas

 

 

   Mais tarde em 1893 o padre, cientista e engenheiro gaúcho Roberto Landell de Moura testa a primeira transmissão de fala por ondas eletromagnéticas, sem fio. 



   Graças a ele, a Marinha Brasileira realizou, em 1 de março de 1905, diversos testes de mensagens telegráficas no encouraçado Aquidaban. Todavia, o primeiro mundo reconhece o cientista Guglielmo Marconi como o “descobridor do rádio”. Marconi, natural de Bolonha, Itália, realizou em 1895 testes de transmissão de sinais sem fio pela distância de 400 metros e depois pela distância de 2 quilômetros. Ele também descobriu o princípio do funcionamento da antena. Em 1896 Marconi adquiriu a patente da invenção do rádio, enquanto Landell só conseguiria obter para si a patente no ano de 1900. Essa polêmica da invenção do rádio se compara à da invenção do avião, no início do século XX, em que o primeiro mundo credita aos irmãos Wright, dos EUA, a invenção do veículo aéreo, embora tenha sido o mineiro Alberto Santos Dumont seu pioneiro (os Wright não registraram imagens e suas experiências de voo, enquanto Dumont realizou testes com seu 14-Bis diante de multidões em Paris, França, em 1906).

Cronograma do rádio no Brasil


   Em nosso cronograma você ficará por dentro dos principais acontecimentos que movimentaram a história do rádio no Brasil, desde o início, e as novas perspectivas sobre a vinda da tecnologia digital.

1922 – Em caráter experimental foi realizada pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro a primeira transmissão oficial de radiodifusão na praia Vermelha no Rio de Janeiro, com o discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, para isso, foram importados 80 receptores de rádio especialmente para o evento.

1923 – No dia 20 de abril, é fundada a primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje denominada Rádio MEC, criada para atuar sem fins comerciais.

1924 – É regulamentada a atual faixa de Ondas Médias, compreendidas entre 550 à 1550 KHz.

1931 – São vendidos os primeiros receptores com o nome das estações no dial.

No mesmo ano foi inaugurada as rádios: Record e América de São Paulo.

1933 – Nasce a Sociedade Rádio Educadora de Campinas, que desde 2002 passou-se a denominar Rádio Bandeirantes AM, com isso a programação abre espaço para o jornalismo.

1936 – É fundada a brasileira Rádio Nacional do Rio de Janeiro, ela se tornaria um marco na história do rádio com seus programas de auditório, suas comédias e rádio novelas. Entre o final dos anos 30 e a primeira metade dos anos 50 a Nacional seria uma das líderes de audiência do rádio brasileiro, exportando sua programação gravada e dias depois transmitidas em outras cidades brasileiras.

1937 – Em 6 de maio é inaugurada em São Paulo a Rádio Bandeirantes, a primeira emissora a divulgar notícias durante toda a programação.

1938 – Surge a Rádio Globo do Rio de Janeiro, que mais tarde passa a ser a rádio AM mais popular do país.

1941 – A Rádio Nacional lança o Repórter Esso, primeiro rádio jornal brasileiro, também entra no ar a primeira novela radiofônica do país: Em busca da felicidade.

1946 – O rádio ganha maior agilidade com o surgimento dos gravadores de fita magnética. Também os retificadores de selênio começam a substituir as válvulas retificadoras material semicondutor em estado sólido muito menos propício a queimar do que as velhas válvulas a vácuo.

1955 – Primeira transmissão experimental de rádio FM, pela Rádio Imprensa do Rio de Janeiro, extinta no final de dezembro/2000.

1967 – É criado o Ministério das Comunicações no dia 25 de fevereiro.

1990 – A rede Bandeirantes de rádio se torna a primeira emissora no Brasil a transmitir via satélite com 70 emissoras FM e 60 em AM, em mais de 80 regiões do país.

1991 – O sistema Globo de rádio inaugura a CBN (Central Brasileira de Notícias), emissora especializada em jornalismo, que a partir de 1996 inicia suas transmissões simultâneas em FM.

1995 – Início da campanha pelo fim da obrigatoriedade da transmissão do programa oficial “A voz do Brasil”.

2005 – Comemorando os 84 anos do rádio no Brasil, inicia-se no país em 26 de setembro as primeiras transmissões de rádio no sistema digital, tecnologia que está apenas “aterrissando” no Brasil.


História do Rádio no Brasil
Por Fernando Rebouças



   Edgard Roquete Pinto, antropólogo, foi um dos grandes incentivadores do rádio no Brasil. Cronologicamente, há registros que comprovam que a primeira emissora de rádio brasileira  surgiu com a fundação da Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, no dia 6 de abril de 1919.
   Em 1922, é tida como a primeira irradiação oficial a transmissão feita a partir do alto do corcovado, no Rio de Janeiro, nas comemorações do Centenário da independência do Brasil. ”O rádio é o divertimento do pobre(..), e a informação dos que não sabem ler”,sob estas palavras Roquete Pinto enxergou no rádio um veículo que pudesse difundir a cultura e história brasileira.
   Em 1923, são instalados aparelhos receptores na cidade do Rio de Janeiro, idealizada por roquete Pinto. Outras emissoras começaram a surgir não somente com uma programação informativa, mas planejada em primeiros passos para transmitir a nossa música e arte.
   Com a evolução tecnológica, nos anos 30, as rádios criaram programas de auditório, o que fez do rádio um veículo popular. Em 1934, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi transformada em Rádio Municipal do Rio de Janeiro, popularmente conhecida como rádio Roquete Pinto. As rádio nesta fase se fortaleceram como lançadoras de grandes talentos musicais como Francisco Alves, Vicente Celestino, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, entre outros.
   Na década de 50, o rádio difundiu as transmissões esportivas, como a Copa de 58, todos torceram pelo Brasil através do rádio. Em 1953, haviam números que identificaram a existência de cerca de 500 emissoras de rádio no país e quase meio milhão de aparelhos receptores.

                         http://www.infoescola.com/comunicacao/historia-do-radio-no-brasil/


História da Rádio Nacional


   Emissora de Rádio criada no Rio de Janeiro em 1936 a partir da compra da Rádio Philips, por 50 contos de réis. Seu primeiro prefixo, "Luar do sertão", de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, era tocado em vibrafone por Luciano Perrone e em seguida um locutor anunciava o prefixo da emissora: PRE-8. Nesse ano mesmo, começou a apresentar pequenas cenas de rádio-teatro intercalados com números musicais.Foi nos anos 1940 e 1950 a principal emissora do país e verdadeiro símbolo da chamada "Era do Rádio". Em 1937, foi inaugurado o "Teatro em Casa" para a irradiação de peças completas, semanalmente. Sua programação ao vivo passou depois a ser retransmitida para todo o país, o que a tornou uma pioneira na integração cultural do país.
   Seus programas de auditório, radionovelas, programas humorísticos e musicais marcaram a História do Rádio no Brasil. Foi líder de audiência praticamente desde a fundação até que o aparecimento da TV ditasse novos rumos para a comunicação no país.Seus programas eram transmitidos diretamente dos muitos estúdios específicos, inclusive do auditório da Rádio, todos localizados nos três últimos andares do edifício "A Noite", Praça Mauá, 7, Rio de Janeiro. 




   Se seus programas de humor, suas radionovelas, seus programas noticiários e os esportivos viraram modelo para muitas outras Rádios do país, foi fundamental também para o desenvolvimento da música popular brasileira. Os primeiro nomes de cantores a formar seu casting foram Sonia Carvalho, Elisinha Coelho, Silvinha Melo, Orlando Silva, Nuno Roland, Aracy de Almeida e Marília Batista.

Radionovelas


   Segundo depoimento do radialista e compositor Haroldo Barbosa ao pesquisador Luís Carlos Saroldi, "Nos primeiros anos, a Rádio Nacional apresentava uma estrutura muito simples: uma seção artística e uma seção administrativa, nada mais que isso. A emissora contava com menos de 30 pessoas para cantar, executar músicas, contabilizar e realizar outras tarefas menores".
   As radionovelas da emissora marcaram época a partir da primeira transmitida em 1941, "Em busca da felicidade", que durou três anos, até "O direito de nascer", que chegou a mudar hábitos das pessoas que tinham compromisso marcado com as transmissões dessa radionovela, posteriormente adaptada para a televisão. Até meados da década de 1950, o Rádio-Teatro Nacional irradiou 861 novelas, as mais ouvidas do rádio brasileiro, segundo as mais seguras pesquisas de audiência. Pode-se observar que a música popular brasileira foi uma antes e outra depois da Nacional, que se transformou numa verdadeira criadora de ídolos através da realização de concursos como "A Rainha do Rádio", que consagrou diversas cantoras, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.
   Um dos cantores que ficou marcado como símbolo dessa era foi Cauby Peixoto, que enchia o auditória da Rádio em suas apresentações. Em 1936, Linda Batista foi eleita a primeira "Rainha do Rádio", permanecendo no posto por doze anos. Em 1938, Almirante estreou o primeiro programa de montagem, ou montado, que foi "Curiosidades musicais", sob o patrocínio dos produtos Eucalol. O mesmo artista lançou no mesmo ano o primeiro programa de brincadeiras de auditório, o "Caixa de perguntas". Outro programa de destaque na emissora surgido no mesmo período foi "Instantâneos sonoros brasileiros", produzido por José Mauro com direção musical de Radamés Gnattali, regente da orquestra.

Incorporação


   Em 1939, Lamartine Babo passou a apresentar o programa "Vida pitoresca e musical dos compositores". Em 1940, a Rádio Nacional passou a fazer parte do Patrimônio Nacional, a partir de decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, sendo então, dirigida por Gilberto de Andrade, que tratou de dar uma nova cara à programação da Rádio, no que muito foi auxiliado pelo radialista José Mauro, irmão do cineasta Humberto Mauro. 
   No ano seguinte, passou a ser apresentado o noticioso "Reporter Esso", marco do jornalismo radiofônico e que passaria a ter como apresentador três anos depois o locutor Heron Domingues. O prefixo do "Reporter Esso" foi escrito pelo maestro Carioca e executado por Luciano Perrone na bateria, Carioca no trombone e Francisco Sergio e Marino Pissiani nos pistons.
   A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal diário impresso. A emissora da Praça Mauá possuía construiu uma divisão de rádio-jornalismo com mais de uma dezena de redatores, secretários de redação, rádio- repórteres, informantes e outros auxiliares, além de uma sessão de divulgação e uma sessão de esportes completa, e um boletim de notícias em idioma estrangeiro, que cobria todo o continente. Em 18 de abril de 1942, foram inaugurados os novos estúdios da Rádio Nacional, no vigésimo primeiro andar do edifício "A Noite". Com 486 lugares, as novas instalações traziam inovações como o piso flutuante sobre molas especiais do palco sinfônico.
   Ainda em 1942, Almirante estreou o programa "A história do Rio pela música". Nesse ano iniciou-se uma publicação semanal com a programação da emissora e cuja capa na maioria das vezes estampava a foto de cantores ou cantoras ligados à emissora. Também nesse ano, as ondas curtas da PRE-8 passaram a ser ouvidas em vários países. 
   Em 1943, a programação da emissora tomou impulso com a estréia do programa "Um milhão de melodias", patrocinado pelo refrigerante Coca-Cola, que estava sendo lançado no Brasil. Para esse programa foi criada a Orquestra Brasileira, com direção de Radamés Gnatalli. O repertório do programa apresentava duas músicas brasileiras atuais, duas antigas e três músicas estrangeiras de grande sucesso.
   A Orquestra Brasileira de Radamés Gnatalli era formada pela mescla de grandes músicos como Luciano Perrone na bateria, vibrafone e tímpano, Chiquinho no Acordeão, Vidal no contrabaixo, Garoto e Bola Sete nos violões, José Meneses no cavaquinho, além dos músicos da velha guarda do samba carioca como João da Baiana no pandeiro, Bide no ganzá e Heitor dos Prazeres tocando prato e faca e caixeta.Também para atuar no programa foram criados os Trios Melodia e As Três Marias. Nesse ano, estreou com grande sucesso o programa "Trem da alegria", apresentado pelo Trio de Osso, formado por Heber de Bóscoli, Yara Sales e Lamartine Babo. Entre as muitas inovações surgidas na Rádio Nacional e que influiram no próprio desenvolvimento da música popular brasileira estão os arranjos para pequenos conjuntos, trios e quartetos de Radamés Gnattali e os acompanhamentos rítmicos do baterista Luciano Perrone que causaram uma pequena revolução no samba orquestrado feito até então.

Luiz Gonzaga


   Foi Luciano Perrone quem sugeriu a Radamés Gnatalli a utilização dos metais, até então com funções exclusivamente melódicas, como mais um elemento de função rítmica na interpretação dos sambas gravados. 
   Na década de 1940, pelo menos três dos maiores cantores brasileiros eram contratados da Rádio Nacional: Francisco Alves, Sílvio Caldas e Orlando Silva. Ainda em 1943, estreou na Rádio Nacional o sanfoneiro Luiz Gonzaga que inspirado no sanfoneiro Pedro Raimundo que se vestia com trajes típicos do sul, resolveu vestir-se com trajes típicos do nordeste e dessa forma passou a divulgar a música e a cultura nordestinas.
   Em 1946, um dos maiores sucessos musicais foi o samba-canção "Fracasso", de Mário Lago gravado por Francisco Alves e tema extraído da radionovela com o mesmo título. Nesse ano, a Rádio Nacional inovou na forma de transmitir partidas de futebol, adotando o chamado "sistema duplo", que dividia o campo de jogo em dois setores, cada qual com um locutor acompanhando de preferência o ataque de cada um dos times. O "sistema duplo" foi inspirado no então moderno método de arbitragem em trio, com os bandeirinhas colocados em ângulos opostos.
   A década de 1950 ficou marcada pela acirrada competição pelo título de "Rainha do Rádio" que envolveu em disputas memoráveis cantoras como Emilinha Borba, Marlene e Ângela Maria. Nessa década, os programas de auditório da emissora tornaram-se tão concorridos que era cobrado ingresso até para assistir os programas em pé. 
  Outra disputa musical que marcou época no Rio de Janeiro, tendo a Rádio Nacional como centro, era a da divulgação de marchas e sambas carnavalescos, dos quais um dos muitos destaques foi o cantor e compositor Blecaute, sempre presente aos programas de auditório da Rádio.

Rainhas do Rádio


   Nesse período fizeram parte o "cast" da emissora artistas que marcaram a música popular brasileira como: Orlando Silva, Ataulfo Alves, Carlos Galhardo, Linda Batista, Luiz Gonzaga, Carmen Costa, Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Paulo Tapajós, Albertinho Fortuna, Carmélia Alves, Luiz Vieira, Zezé Gonzaga, Gilberto Milfont, Heleninha Costa, Ademilde Fonseca, Bidu Reis, Nora Ney, Jorge Goulart, Neuza Maria, Adelaide Chiozzo, Jorge Fernandes, Dolores Duran, Lenita Bruno, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcânti, Vera Lúcia, etc.
   Em 1948, Dircinha Batista foi eleita "Rainha do Rádio" substituindo a irmã Linda Batista. No ano seguinte, teve início a eletrizante disputa pelo título de "Rainha o Rádio" entre as cantoras Emilinha Borba e Marlene. Esta última, foi eleita no ano seguinte com o apoio da Companhia Antártica Paulista, que lançava o Guaraná Caçula e fez dela sua garota propaganda, tendo o total de 529.982 votos. Marlene repetiu o feito no ano seguinte. Em 1952 e 1953, a Rainha foi Mary Gonçalves. Por volta de 1950 foi criado na emissora o Departamento de Música Brasileira, que obteve um de seus maiores êxitos no ano seguinte no programa "Cancioneiro Rayol" com a série "No mundo do baião", apresentada pelo radialista Paulo Roberto.
   A chefia do Departamento de Música Brasileira foi entregue inicialmente ao compositor Humberto Teixeira. Outro programa musical ligado ao departamento de Música Brasileira e que fez muito sucesso foi "Lira de Xopotó", apresentado pelo radialista Paulo Roberto e que incentivava as bandas do interior que apresentavam músicas com arranjos do maestro Lírio Panicali. Igualmente Programa marcante dessa época foi "Música em surdina", criado por Paulo Tapajós e apresentado em estúdio no final da noite por Chiquinho, no acordeom, Garoto, ao violão e Fafá Lemos ao violino, interpretando um repertório eclético e que deu ensejo ao sugimento do Trio Surdina.
   O violinista Garoto por sinal, foi um dos artistas que se destacou na Rádio Nacional nos anos 1950, quando passou por diferentes grupos nos seus dez anos de permanência na programação. Atuou na Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali e pelo Bossa Clube ao lado de Luis Bittencourt, Luis Bonfá, Valzinho, Bide, Sebastião Gomes e Hanestaldo. 
   Ainda na década de 1950, destacaram-se os programas "Sua excelência a música" e "Quando os maestros se encontram". Esse último reunia cinco arranjadores da emissora, quase sempre os maestros Alexandre Gnattali, Lírio Panicali, Alberto Lazzoli, Léo Peracchi e Alceo Bocchino. Ainda no começo da década houve a tentativa frustada de criar o selo Nacional para gravação de discos que ficou apenas no primeiro, com Manezinho Araújo gravando o baião "Torei o pau", de Luiz Bandeira e a marcha "Um cheirinho só", de Manezinho Araújo e Armando Rosas.

Rádio-Teatro


 

   Destacaram-se também nessa década inúmeros programas mistos como "Coisas do Arco da Velha", de Floriano Faissal; "Gente que brilha" e "Nada além de 2 minutos", de Paulo Roberto; "Clube das donas de casa", de Lourival Marques; "Grande espetáculo Brahma", de Mario Meira Guimarães; "Hoje tem espetáculo", de Paulo Gracindo; "Música e beleza", de Roberto Faissal; "Nova História do Rio pela música" e "Recolhendo o folclore", de Almirante; "Passatempo Gessy", de Jota Rui; "Rádiosemana", de Hélio do Soveral; "Roteiro 21", de Dinarte Armando; "Seu criador Superflit", de Lourival Marques e "Todos cantam sua terra", de Dias Gomes.
   Entre os programas de Rádio-teatro merecem citação, "A vida que a gente leva" e "Boa tarde, madame", com Lucia Helena; "Consultório sentimental", com Helena Sangirardi; "Divertimentos Brankiol", com Ary Picaluga; "Edifício Balança mas não cai", com Paulo Gracindo; "Grande Teatro De Milus", com Dias Gomes; "Jararaca e Ratinho", com Joe Lester; "Marlene meu bem", com Mário Lago; "Os grandes amores da História", com Saint Clair Lopes; "Sabe da última?", com Rui Amaral e "Tancredo e Trancado", com Ghiaroni.
   Em 1951, Paulo Tapajós criou o programa "A turma do sereno", de grande sucesso e no qual um repertório de serestas era apresentado por Abel Ferreira no clarinete, Irany Pinto no violino, João de Deus na flauta, Sandoval Dias no clarone, Waldemar de Melo no cavaquinho e Carlos Lentini e Rubem Bergman nos violões. 
   Segundo as palavras de Paulo Tapajós, o programa "Turma do sereno ocupava apenas um cavaquinho, uma flauta, um clarinete, um clarone e um violino, além dos cantores e outros solistas convidados. A "Turma do sereno" era o reencontro da música com a rua mal iluminada pelo lampião a gás, era o momento em que a gente imaginava que numa esquina de rua encontravam-se os velhos amigos para fazer choro, para cantar valsas e modinhas; era a oportunidade da gente tirar dos velhos baús alguns xotes, maxixes, polcas, já um tanto amarelados".

Animadores


   Nos anos de 1953 e 1954, a cantora Emilinha Borba foi eleita "Rainha do Rádio". Nos dois anos seguinte, a consagrada foi Ângela Maria que chegou a obter o total de 1.464.996 votos. Em 1955, o radialista Almirante retornou à Rádio Nacional e criou os programas "A nova história do Rio pela música" e "Recolhendo o folclore". Por essa época, Renato Murce apresentou o programa "Alma do sertão", um dos maiores sucessos entre os programas sertanejos. 
   Em 1959, o cantor e compositor Zé Praxédi passou a apresentar diariamente o programa "Alvorada sertaneja". Um dos mais famosos programas da década de 1950 foi o "Programa César de Alencar", que comemorou os dez anos no ar com um show para 20 mil pessoas no Maracanãzinho.
   Outros programas com animadores ficaram também célebres, como os de Paulo Gracindo e Manoel Barcelos. Outro destaque de sua história, foi o estúdio para rádio novelas e seriados diversos , como "Gerônimo, o herói do sertão" e "O Sombra", onde os truques de sonoplastia ficaram célebres especialmente os truques do sonotecnico Edmo do Valle. 
   Entre os programas de auditório apresentados na Rádio na década de 1950 podemos destacar: "Alegria, meus senhores" e "Este mundo é uma bola", apresentados por Fernando Lobo; "Alô, memória", "Dr. Infezulino" e "Enquanto o mundo gira", apresentados por Paulo Gracindo; "Ganha tempo Duchen", "O Cartaz da Semana" e "Parada dos Maiorais", com Hélio do Soveral; "Nas asas da canção", com Dinarte Armando; "Qualquer semelhança é mera coincidência", com Waldir Buentes; "Papel Carbono", Renato Murce e "Placar musical", com Nestor de Holanda Cavalcânti.

César Ladeira

 

   Entre os programas musicais também merecem destaque, " A canção da lembrança", com Lourival Marques; "Audições Cauby Peixoto", apresentado por Mário Lago; "Audições Orlando Silva", com Ghiaroni; "Cancioneiro Royal", com Paulo Tapajós; "Cancioneiro romântico", com Rui Amaral; "Carrossel musical", com Ouranice Franco; "Clube do samba" e "Pelas estradas do mundo", com Fernando Lobo; "Fama e popularidade", com Oswaldo Elias; "Festivais G. E.", com Leo Peracchi; "Festivais de gaitas", com Cahuê Filho; "Horário dos cartazes", com Almeida Rego e "Preferências musicais", com Dinarte Armando.
   Dentre seus muitos locutores famosos está César Ladeira, uma das vozes de excelência de toda a história do Rádio no Brasil, especialmente lembrado com o programa "A crônica da cidade". O declínio da Rádio, que se iniciara com a inauguração da televisão acentuou-se de forma definitiva com o Golpe militar de 1964 que afastou 67 profissionais e colocou sob investigação mais 81. Em 1972, os arquivos sonoros e partituras utilizadas em programas da Rádio foram doados ao Museu da Imagem e do Som, MIS. Durante as décadas de 1980 e 1990 o declínio da Rádio se acentuou devido à falta de investimentos e à concorrência cada vez maior da televisão e também das Rádios FM.

Perda de audiência


   A emissora foi perdendo audiência e deixando de disputar os primeiros lugares na preferência do público. Manteve no entanto durante esse tempo diversos programas tradicionais da emissora apresentados por radialistas como Dayse Lucide, Gerdal dos Santos e outros que ainda arrastavam atrás de si a audiêencia de ouvintes fiéis e saudosos dos tempos de glória da emissora. A partir de junho de 2003, passou a estar sob a direção de Cristiano Menezes, que iniciou um plano de revitalização da PRE - 8. Em 2004, foi assinado um convênio entre a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e a Petrobras, que acertou a digitalização de todo o acervo de partituras da Rádio. Entre as obras estão raridades dos maestros Radamés Gnattali e Guerra-Peixe.
   Nesse ano, a Rádio saiu do ar por 15 dias para passar por reformas que incluem a troca de transmissores e instalação de novos estúdios no antigo prédio da Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Além disso, a Rádio Nacional passará a ser a primeira Rádio Digital AM. Tudo dentro de um plano de revitalização da Rádio. O famoso auditório da Rádio será reformado e terá sua capacidade reduzida de 500 para 150 lugares e voltará a abrigar shows. 
   Entre os novos programas estão previstos, o "Homenagem Nacional", no qual um sexteto permanente acompanhará a homenagem a um grande nome da história da música popular brasileira, com um astro atual interpretando sucessos do artista homenageado.
   Programa-se ainda o "Memória Nacional", que deverá ser apresentando ao vivo, reunindo nomes como Cauby Peixoto, Marlene, Emilinha, Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Adelaide Chiozzo, que foram sucessos nos anos de ouro da Rádio Nacional. Ela ficou conhecida como "A escola do Rádio", o que por si só dá o tamanho de sua importância histórica.
                                         
                                              Fonte: Memória do Rádio.com