quarta-feira, 8 de maio de 2013

Poema: Tá com ciúmes, Zé?



Capítulo III 
O Encontro de Zu e Zé


Tudo começou quando Zé se pôs a beber
Zu desesperada e sem saber o que fazer
Chamou Zé muitas vezes e o fez compreender 
Que uma decisão absurda poderia acontecer
Se o mesmo não deixasse o bar
E não parasse de beber.

Como viu que Zé não tinha jeito
Zu tomou coragem, arregalou os beiços
Deixou Zé de boca aberta 
E se jogou sem preceitos
Perdeu a vida de mulher boa
E meteu pinga no peito

Zé perdeu Zu e ficou desconsolado
Não tinha nas noites frias ninguém ao seu lado
E quis tomar jeito depois de ficar abismado
Viu Zu, sua mulher, como um cachorro jogado
Tendo muitas companhias de homens desonrados
Golando em vários copos de sujeitos desgraçados.

Zé e Zu se separaram por vício e teimosia
Antes não eram felizes e não tinham alegria
Zu não suportou a vida de tamanha euforia
Ver Zé sempre bebendo e participando de orgias
Tirou o seu sossego, mesmo que antes não tinha
Se rebelou pra vida justa e de casamento
Quis fazer ciúme e se jogou ao relento

Zé e Zu separados, cada um em seu lugar
Ele em casa sozinho e ela a beber no bar
Seu coração, apertado, deseja Zu encontrar
Mas não tem molejo de homem corajoso
Desses que tiram o pé do lugar
Capaz de ir atrás da mulher e dar ordem
Volta pra casa já.

Um dia ao sair de casa, Zé, Zu avistou
E logo saiu correndo: espere, meu amor!
Volta cumigo meu bem, 
Não me faça um sofredor,
Desde do dia em que ocê foi imbora,
Minha vida dismoronou.

Que nada, pião, se ponha em seu lugar
Não sabia qui era tão boa, essa vida de bar
Hoje num lavo suas cuecas e nem tenho qui te aturar
Nem sinto seu bafo de onça 
Nem ouço ocê roncar
Sou livre e disimpidida
E pra casa num vou voltar.

Zé, me paga um cachaça, 
Daquelas que ocê já bebeu
Enquanto voltar pra casa,
Não conte mais cum eu
Vou ali antes qui feche o bar
Festejar com Amadeu.

Zu virou as costas e dali se afastou
Zé coçou a cabeça e se desesperou
Viu Zu pegar no copo que um dia ele apalpou
Nesse encontro, não tiveram exito, 
O casal mal conversou
E caminhando desconsolado, para casa Zé voltou.

Chegando em casa, pensando... algo incomodou
Lembrou dos pedidos de Zu, que um dia não escutou
A angústia foi tamanha, que ela não suportou
Abandonou aquela vida e o marido bebedor.
Zé fechou a porta e não quis nem jantar
Mas jurou que num outro dia Zu não iria escapar
Ele a traria de volta pra casa, nem que fosse pra brigar.
                                               André Santos Silva




Capítulo IV 
Tá com ciúmes, Zé?


No outro dia, meio desolado, 
Zé se levantou e se sentiu arrasado
viu a cama vazia e fria 
e Zu não estava ao seu lado
pensou neurótico: "deve ter dormido na rua
com qualquer cabra safado".

Zé se lembrou da noite anterior
em que levou um fora de Zu
foi humilhado na porta do bar
e se sentiu um cururu
ficou inchado e inconformado,
também bravo pra chuchu.

Estava disposto a sair e mais um vez tentar
numa viela, na rua, ou numa porta de bar
pegar Zu pelo braço e para casa a levar
pedir perdão a ela e tentar recomeçar
o casamento que um dia destruiu
por estar embriagado e não saber escutar.

Dessa vez ouviria os pedidos de Zu
e o bar deixaria de frequentar
chamaria ela de seu amor e a saberia respeitar
talvez, para Zu, levasse flores
dessas que não se encontram em qualquer lugar
e prepararia à luz de velas
um encontro romântico, um jantar.

Zé saiu pelas ruas, desejava Zu encontrar
e para tal surpresa, logo cedo, a encontrou no bar
ela estava tomando uma, para o dia começar
ao lado de um cara um tanto estranho
desses que assustam só de olhar.

Zu então olhou pra Zé 
e não quis se aproximar
Zé sem graça ficou parado, 
não conseguia se movimentar
encheu, então, o peito de ciúmes
logo cedo, na porta do bar.

Zu, faiz favor! Seu tempo não vou tomar
vem aqui muié, pelo amor de Deus, vamo cunversar
se ocê não quiser agora, mais tarde posso vortá
quero que ocê saiba, qui de hoje num pode passar
vem minha, neguinha, abandone esse bar
esqueça as coisa ruim e vamos recomeçar.

Dexa de ser besta home! Agora é que tô viveno.
Tá cum ciúme, nego?Então, prove do seu veneno!
Quantas veiz curri atrás de tu, nas noite longa ao sereno
e ocê não me ouviu, e desdenhô esse ser pequeno.
Agora ocê qué qui eu pare de beber?
Ah! Vai te catar! Ou suma pra valê!

Zu num fala assim não, tô disposto a mudá
venha comigo pra casa, lá é seu lugar
vamo vortá a ser feliz e nunca mais brigá
eu já parei de beber e Deus me livre de vortá
hoje te dô razão, pode me bater e inté me xingar
mas docê não disisto nunca, ainda vou te conquistá.

Zé, perca as esperança, aqui tenho alegria
não me procupo com nada, nem mesmo cum famia
não piloto fugão, nem lavo prato na pia
ando de bar em bar, as vezes bate um nostalgia
aí me enfio no gole e tudo muda: quem diria?
Não vejo nada mermo, nem a noite e nem o dia.

Depois de muito debater, Zu dali deu o fora
foi com Amadeu pra outro bar, e Zé, triste, foi-se embora
mais uma vez decepcionado, sem exito e sem glória.
Zu tava com outro! E Zé com os buteco de olho pra fora
viu a mulher virar a esquina, sem pressa e sem demora
beberia talvez o dia inteiro, até estufar as córnea.
                               André Santos Silva


Observação: Senhores leitores, não percam a continuação dessa história no CAPÍTULO V.






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