quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Poema: Saudades



Saudade é uma visita estranha
Às vezes com ela a gente perde
Outras a gente ganha
E a vida segue e caminha
Mas nunca perde a gana

De vez em quando a saudade
Causa alívio e eleva a alma
Torna o instante inesquecível
E vira remédio que acalma

Mas tem dias que essa visita
Cá no peito faz doer
Se instala e não passa
E se transforma num sofrer

Ah, saudade, intensa!
Que na alma se instala
Quando é forte, me deixa fraco
E se estou fraco 
Sinto-me nostálgico

A saudade deveria ser
Uma visita cheia de alegria
Estrada por onde se ande
E se viva sem grandes nostalgias
Bem no alto d'uma árvore
E que nos encante a cada dia

A depender da saudade
Ela é tudo que se queria
Se marca o bom ou eterno
Só remete alegria
                      André Santos Silva


Comentários do autor

   Em nossa jornada de seres humanos passamos por diferentes momentos. Alguns ruins, outros bons e muitos inesquecíveis.
   Por conta desses acontecimentos somos marcados por lembranças que poderiam ser eternas, passageiras ou se pudéssemos, nunca deveriam ter sido lembradas. A essa sensação de bem estar que nos remete a uma pessoa, momento, lugar ou... damos o nome de saudades. No entanto, é importante mencionar, que a saudade não deve tirar de nós o momento presente.



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Poema: Gente



Gente é estranha mesmo
Um dia está de bem com a vida
No outro decide estar de partida
Às vezes se sente alegre
Outras, maldiz a vida
E continua a caminhar
Sendo lembrada ou esquecida

Gente é um caso sério
Pela manhã está sorridente
E pela tarde, um tédio
Ou pela manhã sem chão
E à tarde um furacão
Mas sempre se revigora
E acalma o coração

Num dia quer conversar
Noutro, nada deseja falar
E de repente, caminha lentamente
E num instalo já quer disparar
Mas traz sempre a certeza
De um novo recomeçar

Gente tem coração
Às vezes um torrão
Mas quando cai a chuva fértil
Vira nova estação
E a gente volta a sorrir
Sem precisar de solidão
                  André Santos Silva


Comentários do autor

   No universo todos os seus elementos estão em constante transformação. Assim também, o ser humano a cada dia tem a necessidade de mudanças. 
   E o que se pode perceber é que de acordo a vida se desenrola, o homem também se transforma. Uma hora se sente triste, mas depois se revigora.




sábado, 25 de janeiro de 2014

Poema: Pensamento positivo



A bruxa hoje está solta
E dizem que está um pouco perdida
Caminha de vizinho a vizinhança
E procura qualquer vida
Que possa entrar e destruir
Com sua imagem distorcida

As vezes ela vem
Com um sorriso a nos conquistar
Entra e visita nossa casa
E o que quer mesmo é se instalar
Aqueles que são fracos de ideia
Com ela tomam café e chá

Esse pensamento negativo
Que nos atrai à escuridão
Tira de nós os próprios sonhos
E nos remete à solidão
Deixa em nós uma forte ira
Que se transforma em lamentação

A cabeça então gira
E nada se consegue fazer
O pensamento aliado ao negativo
Vem e se instala pra valer
Ele impede o desenrolar do futuro
E não deixa o sonho crescer

É hora de se livrar da bruxa
Boas ideias colecionar
Ver uma nova postura de vida
E um futuro planejar
Incutir na cabeça o que é positivo
E com esperança se jogar
Viver a vida pensando no novo
E não ter medo de se arriscar
                           André Santos Silva


Comentários do autor

   Ter bons pensamentos e ser otimista é um bom começo para uma vida promissora. No entanto, é importante que tenhamos os pés no chão para descentralizarmos de nossa vida aquele velho conceito sobre todas as coisas.
   É importante também lembrar que há períodos em que nós somos cercados por pensamentos negativos que impossibilitam o nosso crescimento. Ficamos, então, amarrados e não conseguimos nos locomover. Isso vai tomando um proporção gigantesca e quando menos esperamos, já não conseguimos mais progredir. Nesse momento, devemos nos abrir ao novo e buscar uma nova meta de vida, uma nova ideia. É hora de parar e refazer o caminho.
   Assim teremos marcada no peito a certeza de que o pensamento positivo não é uma receita, mas se torna um antídoto para o começo de uma vida plena.




quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Poema: Vida dura



A vida que ser quer
é assim:

nascer,
crescer,
ler,
desenvolver,
crer,
fazer e refazer,
não adoecer
e sempre ter
coragem pra lutar
e saúde pra conquistar

Mas a vida 
andou por caminhos tortos
e fugiu dos trilhos

Hoje ela sofre
e tem necessidade de:
planejamento, 
saúde, educação,
desenvolvimento,
cultura
e muito alento
que sane a dor
que supra a falta de amor
e elimine a fome e a sede
da criança,
do homem,
da mulher,
do doutor, 
do carpinteiro,
do agricultor
e do cidadão
que é sofredor...
             André Santos Silva


Comentários do autor

   O Brasil é um país que tem por ano uma intensa arrecadação que utilizada de forma correta, sanaria as necessidades básicas de todo e qualquer cidadão brasileiro.
   Com escândalos que vemos, diariamente, com o mau uso dos recursos arrecadados percebemos um crescimento demasiado das necessidades que assolam a qualidade de vida do cidadão. Assim, temos um país marcado pelo caos na saúde, educação, cultura e lazer. O que acarreta uma série de fatores negativos que causa um atraso no desenvolvimento do país e do seu povo. 


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Poema: A vida segue



 A vida da gente 
Às vezes é assim
Um barco pequeno
E um mar imenso
Que parece não ter fim

A gente rema, rema e rema
De repente percebe que saiu do cais
E quando se observa  
A vista lá do horizonte
E voltar já não consegue mais

Quer sempre avançar
E novas águas navegar
Seguir com a força descoberta
E pra frente sempre remar

Num instalo vem novamente
O emaranhado de águas violentas
Nosso barco se torna frágil
E a fragilidade nos arrebenta

Mais uma vez nos dispomos
O trabalho recomeçar
Voltamos então ao antigo cais
Que tudo pode nos ensinar

Meio sem jeito vamos trilhando
E quando pra trás ousamos olhar
Vemos mais uma vez o pequeno cais
E muita coisa pra conquistar

O melhor é saber
Que o barco não está mais lá
Segue e arrisca a tempestade
E quando precisa, sabe voltar
Tem a certeza que no outro dia
Poderá sempre recomeçar
                         André Santos Silva


Comentários do autor

   A vida caminha em função dos nossos sonhos. E muitas vezes eles emperram e parecem ficar estagnados. Nesse momento, devemos voltar ao cais, analisar as ideias e perceber algumas mudanças essenciais para a continuidade da nossa luta.





sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Poema: Tempo de menino



Tempo de menino é assim:
a gente corre, 
apronta, 
brinca
e rir

Salta a janela,
monta na magrela,
joga bola,
experimenta a espora,
quer andar a cavalo,
toma pancada na testa
e sente a dor do galo

Toma banho de chuva,
veste a bota 
e calça a luva


Com uma arma de pau
brincar de matar o amigo,
esconde no mato
e lá acha um esconderijo

Bate,
apanha,
faz inimigo,
toma surra dos pais
fica de castigo

E no outro dia
tudo resolvido

Da uma fugidinha da escola
corre pro campo
só pra jogar bola
e quando chega o horário 
de vir da escola
acompanha o grupo
o mesmo time da bola
e vem sorrindo
com prosas da hora
mas não se pode pronunciar
futebol, nem machucado e nem bola
e o papo segue
com fatos da escola

À noite só quer ver televisão
inventa que fez o exercício
e simula concentração

Vida de menino é assim
um tempo bom
desses que quando a gente cresce
sabe que desaparece
e ficam só as lembranças
de um tempo bom da infância
                         André Santos Silva


Comentários do autor

   O tempo para quem vive uma infância sadia é inesquecível. E com certeza, muitos são os benefícios que o ser humano pode levar em sua bagagem se esse período for instruído e a criança tiver como liberar sua energia e imaginação. 
   Quando se torna adulto, o homem se lembra com muita saudade desse período que foi determinante para a formação de sua personalidade.




quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Poema: Na calçada de casa



Sentar na porta de casa
E simplesmente um papo bater
Conversar com a vizinhança
E o contato manter

No interior esse costume
É realizado todo dia
Quando os afazeres acabam
É hora da alegria
Sentam-se na porta de casa
Mãe, pai, filho e filha
Avó, avô, vizinho e madrinha

Descasca-se uma cana
Come-se um bela jaca
Divide-se uma rapadura
E se faz churrasco na praça

Aniversário torna-se festa
Com frutas faz-se batida
Tudo sem molecada e bagunça
Vizinho, visitantes, todos viram família

Sentados na calçada
Onde ficam ali por muito tempo
No calor o papo se estende
E todos vivem o momento
De conversa, de companhia
De viver como vizinhos
Que gozam sempre de alegria

Minha cidade do interior
Além de quente tem mais calor
De gente que vive a vida
E que sabe o gosto e o seu sabor
                       André Santos Silva



Comentários do autor


   Sinto saudades do tempo de infância em que se podia sentar do lado de fora de casa, na calçada e sob a luz de uma bela prosa descansar e curtir o que a vida podia proporcionar. Saudade do contato saudável que se tinha com a vizinhança que tudo partilhava, e que a ela também se partilhava: experiências de vida, alegrias, tristezas, belas histórias e um convívio intenso com o verdadeiro espírito da boa vizinhança.
   Apesar das mudanças que nos assolam, em nossa cidade ainda vemos um pouco desses costumes.




segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Crônica: Disse me disse



   O homem nasce, cresce, fica besta e casa. Assim diz a língua popular de um bando de gente que sempre está atenta aos fatos da vida e que atenta o oprimido. 
   O ser nasce e de repente surgem as palavras. É um fala-fala  que se transforma cada vez mais e o povo fala, fala e fala. E dessa forma começa o tão sofrido cotidiano:
   _ Oh, que menino lindo! Mas o cabelo tá grande pra uma criança dessa idade!

   A mãe então leva o filho ao salão e o cabelo corta.
   _ Nossa! Ele de cabelo grande era mais bonitinho. Seu cabelinho enrolado parecia com o cabelo de um anjo (como se alguém já tivesse visto um anjo).
   A mãe franze a testa, dá um sorriso sem graça e sai disfarçadamente.

   O menino cresce. Agora tem onze anos e vive brincando com meninas. E de repente:
   _ Cuidado! Seu filho anda demais com menina. Vai aprender tudo de menina.
   A mãe vai lá e reprime o filho dizendo:
   _ Filhinho, menino brinca é com menino e menina brinca com menina. Entendeu?
   _ Sim, mamãe! _ responde o garoto assustado.
   
   Esse mesmo menino cresce. Agora com dezoito anos e ainda não teve a primeira namoradinha. A vizinha muito observadora  e discreta chama a atenção da mãe do garoto dizendo:
   _ Comadre, o seu filhão ainda não namora? Estranho, não acha? Os meus já estão todos na night há tempos!
   A mãe, preocupada, incentiva o filho a sair e dá dinheiro para ele tomar uma cerveja e conhecer umas garotas.
   Mal o filho começa a sair e os vizinhos do quarteirão o chamam de beberrão e desocupado.

   O rapaz agora tem vinte anos e começa uma paquera no portão da casa de uma garota. E o povo comenta:
   _ Olha, Filomena, o filho da vizinha aí só anda se esfregando com a mocinha da Judite nesse portão da casa. 
   _ Liga não, Madalena. Isso não demora um mês! Esse rapaz vai passar uma por uma do bairro. Os rapazes de hoje não querem compromisso. Você vai ver.

   Agora o rapaz tem vinte e três anos. E três anos de namoro. 

   Ao saírem da igreja, Filomena e Madalena passam pela praça e se dirigem ao casal, ali sentado, em tom de graça:
   _ Tá na hora de noivar. Faz um tempão, hem?
  
   Ao saírem dali, ainda seguindo, elas comentam:
   _ Esses não saem mais da praça. É todo dia da semana. Vai embuchar logo, logo.

   O casal ficou noivo. Agora são quatro anos de namoro e apenas um de noivado. E é claro que não poderia faltar a cobrança.
   _ E o casamento? Vai demorar não, né? Olha que a moça não pode ficar pra titia.
   
   No quinto ano de relacionamento - três de namoro e mais dois de noivado - o casal se casa e decide viver por dois anos sem ter filhos. E não demora...
   _ Tá demorando demais para ter um filho.
   _ É mesmo, tá na hora de dar um netinho pra sua mãe.
   _ Minha filha, não demore não. Se demorar vai ser mãe muito velha.
   
   O casal tem o primeiro filho. E as vizinhas...
   _ Menina, tenha logo outro. É bom que os dois cresçam juntos. Olha lá, não vá demorar, viu? A diferença de idade atrapalha a criação dos filhos. Mas antes tome umas vitaminas, pois está muito magrinha.
   _ Você tá fazendo greve de fome, minha filha, ou tá doente?
   A menina ri meio sem graça.
  
   Dois anos depois a moça teve o segundo filho e antes que esse (Pedrinho) completasse um ano, por descuido engravidou e gerou uma menina. E esse fato não passou desapercebido.

   Três senhoras passavam na frente da casa quando se depararam com a mãe.
   _ Minha filha, você não brinca em serviço não, né? _ fala a primeira senhora.
   _ Vixi Maria! Você já tem isso tudo? _ diz a segunda _ deve dá um trabalhão, hem?
   E a terceira que não fica atrás, logo comenta:
   _ Por que você não opera? Na Secretaria de Ação Social eles conseguem marcar ligadura na cidade vizinha. Acho que a prefeitura tem convênio.
   "Engraçado! Ela acha!"
   A pobre mãe sem graça sai de fininho e nem olha pra trás.
   Enquanto isso, as três senhoras seguem a todo vapor dando continuidade à conversa:
   _ Que menina louca!
   _ É verdade! Hoje tá tão difícil educar um filho. Imaginem três!
   _ E sem falar que ela é nova demais pra tá parindo tanto assim, não é mesmo?
   _ Meu Deus, ela engordou demais. Parece que tá inchada. Também o que deve comer!

   Na primeira esquina, uma das senhoras fica. As outras duas seguem caminho. A prosa continua por um destino longo e a passos lentos.
   _ Comadre Belarmina, não quis dizer nada, mas acho que a comadre Filomena é exagerada.
   _ Também acho. Eu apenas a acompanhei nos comentários para não deixá-la sem graça, comadre Madalena.
   _ E não é que eu fiz exatamente igual a senhora? Igualzinho mesmo.

   Algum tempo depois, Filomena morreu. Sofreu um acidente vascular cerebral. Ao chegar na casa, Belarmina, logo procura sarna pra se coçar e não alisa nos cometários.
   _ Ela fumava demais. Era cigarro de palha, cachimbo e ainda mascava fumo. Mas o ditado já diz, né? Quem não ouve consei, ouve coitado! _ ela falou e logo voltou pra sala.
   
   Ao chegar o padre e ao iniciar a celebração, Belarmina e Madalena estavam mais uma vez juntas. Após a pregação, as mesmas pediram um espaço e sem pestanejarem fizeram um pequeno pronunciamento.
   _ Queridos vizinhos, aqui presentes. Hoje estamos muito tristes! Perdemos uma senhora que era exemplo para qualquer um de nós. Muito justa, discreta e verdadeira. Não conheço isso aqui _ ela levantou a mão e exibiu as unhas juntando um dedo ao outro _ de uma palavra que tenha saído de sua boca para falar mal de alguém _ disse Belarmina com ar de tristeza.
   _ Também desconheço. Nunca vi Filomena falar algo que faltasse com a verdade. Ela era uma pessoa muito boa. Mas Deus chama os bons porque o céu precisa deles para embelezar _ Madalena tomou parte nos comentários.

   O filho de uma das senhoras já conhecendo o disse me disse da mesma, tomou parte na conversa e sem muita demora interrompeu-a dizendo:

   _ Chamo os familiares para que fechem o cachão e, em paz, partamos para o cemitério.
   As duas se calaram e em silêncio acompanharam o cortejo.

   De repente, no caminho, Filomena e Madalena se olharam e num jeitinho de quem nada quer, uma se aproximou da outra e...
                                           André Santos Silva



Comentários do autor


   Dizem que o povo fala e fala mesmo. Se chove, logo reclama, se faz sol, um calor infernal. O fato é que a língua é um instrumento de comunicação e por meio dele o homem interage.
   Então, deixe o povo interagir!



sábado, 11 de janeiro de 2014

Poema: Poema proibido



Hoje quero apenas
Na sutileza da criação
Criar grandes expectativas
E viver a emoção
De uma vida diferente
Sob a luz da razão

Quero me proibir
De sentir tanta tristeza
De não viver a realeza
Do meu pobre coração

Decreto também
Que não haja fome de amor
E proíbo qualquer gesto
De arrogância e furor
Que assole a paz do homem
E do seu interior

Hoje quero apenas
Que o sorriso se manifeste
E que a verdade se transcenda
E que de fato nos alegre

Por isso que proíbo
Cada gesto de injustiça
E que a vida do ser humano
Seja sempre mais bonita

Proíbo também
A falta de saúde
A ausência de formação
E toda sua plenitude
Em favor da razão

Que cada indivíduo viva
E tenha onde se situar
Por isso proíbo os laços omissos
Que nos impendem de sonhar
                       André Santos Silva


Comentários do autor

   Sejamos sempre pessoas abertas à felicidade. Que possamos ao longo de nossa caminhada aqui na terra traçar horizontes que nos levem de fato à verdadeira felicidade.
   Que nos permitamos sempre viver felizes, eliminando do nosso contexto de vida qualquer ação que gere uma reação de infelicidade.
   Viver feliz! Que essa seja a nossa razão pela vida!