quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Poema: Jiló



Houve, em meio a nós, um tempo
Em que se tinha satisfação
Servir era um gesto singelo
De qualquer e todo cidadão
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.

Os homens ajudavam uns aos outros 
E não era por obrigação
Cada pessoa era parte de um todo
Que se estava em formação
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.

Os laços se fortaleciam
O respeito era valor de todo cidadão
As famílias em tempos difíceis se uniam,
Venciam tristeza e solidão
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.

As amizades eram mais sinceras
Um fio de barba tinha valor em meio à conversação
A palavra por si só era registro, documento
Quando descumprida tornava-se decepção
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.

Hoje, em meio a tantos rompimentos
O homem se isola e quase vive só
As relações são curtas, desonestas
Acometidas de desconfiança e muito nó
E assim segue seu rumo a vida, tal qual fera ferida
E amarga feito jiló.

 André Santos Silva


Comentários do autor


        A cada ano que se finda, somos envolvidos por intensos momentos de reflexão, que geram em nós a certeza de grande aprendizagem.  Por meio deles, somos convidados a uma belíssima viagem, em que nós mesmos, na condição de juízes, poderemos demarcar o nosso território das conquistas, ver e rever os acertos de nossas ações, enquanto seres conscientes que se encontram no mundo.
     Que nesse ano que se inicia, possamos viver intensamente as relações humanas, para que voltemos a nos interessar por aquilo que cada pessoa possui de mais valioso: o amor.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Poema: Esperança



Eu almejo,
sinto desejo.
Eu vejo,
e, às vezes, pelejo.
Luto, me alegro
e, às vezes, me entristeço.

Eu imagino,
sinto calafrio.
Eu percebo,
e, às vezes, vejo
um mundo cálido e vazio.

Eu sinto,
o que, talvez, ninguém 
nunca se interessou.
Eu cuido,
e, às vezes, vejo distante
a essência do amor.

Eu tenho fé,
sinto confiança.
Eu sei bem como é,
e, às vezes, vejo a esperança aflorar
num sorriso de uma criança.
                                 André Santos Silva



Comentários do autor

     A vida deve ser considerada a nossa razão maior. Por meio dela podemos alçar voos intensos e cheios de grandes expectativas. Nessas ações, que são essenciais à vida humana, é importante que nos envolvamos com os mais puros sentimentos, que, com certeza, aquecerão a nossa alma e nos trarão, de fato, a força motivadora. 




sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Poema: Madrugada



O dia finda levemente
Com ele, um silêncio paira no ar 
Vemos a madrugada que aos poucos chega
E o pensamento que começa a despontar.

A cidade dorme, o silêncio perdura 
Qualquer barulho chama a atenção
A brisa que passeia suavemente
Torna a cidade viva e cheia de emoção.

Um pensamento surge
Em meio à noite que instiga a vida
E enquanto todos dormem, repousam
O pensamento passeia com uma força sem medida.

A noite vara as horas
O céu escuro, as estrelas a brilhar
A vida, ali, passa como um filme rapidamente
Por meio do pensamento que cria asas e só quer voar.
                                        André Santos Silva


Comentários do autor

     No silêncio da noite, momento em que a cidade dorme e o barulho cessa, podemos contemplar a beleza da vida, sentindo o suave clímax dos fatos que vivenciamos em nossa jornada diária.
    Mesmo que surja uma nostalgia, podemos, por meio dela, extrair as lições essenciais para continuarmos a nossa jornada.
     Uma dica é aproveitar o silêncio da calada da noite para estruturar o pensamento e sentir quão bom e suave é a paz que dele recebemos.