Houve, em meio a nós, um tempo
Em que se tinha satisfação
Servir era um gesto singelo
De qualquer e todo cidadão
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.
Os homens ajudavam uns aos outros
E não era por obrigação
Cada pessoa era parte de um todo
Que se estava em formação
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.
Os laços se fortaleciam
O respeito era valor de todo cidadão
As famílias em tempos difíceis se uniam,
Venciam tristeza e solidão
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.
As amizades eram mais sinceras
Um fio de barba tinha valor em meio à conversação
A palavra por si só era registro, documento
Quando descumprida tornava-se decepção
E assim a vida se construía, nada se dissolvia
Nessa selva em construção.
Hoje, em meio a tantos rompimentos
O homem se isola e quase vive só
As relações são curtas, desonestas
Acometidas de desconfiança e muito nó
E assim segue seu rumo a vida, tal qual fera ferida
E amarga feito jiló.
Nessa selva em construção.
Hoje, em meio a tantos rompimentos
O homem se isola e quase vive só
As relações são curtas, desonestas
Acometidas de desconfiança e muito nó
E assim segue seu rumo a vida, tal qual fera ferida
E amarga feito jiló.
André Santos Silva
Comentários do autor
A cada ano que se finda, somos envolvidos por intensos momentos de reflexão, que geram em nós a certeza de grande aprendizagem. Por meio deles, somos convidados a uma belíssima viagem, em que nós mesmos, na condição de juízes, poderemos demarcar o nosso território das conquistas, ver e rever os acertos de nossas ações, enquanto seres conscientes que se encontram no mundo.
Que nesse ano que se inicia, possamos viver intensamente as relações humanas, para que voltemos a nos interessar por aquilo que cada pessoa possui de mais valioso: o amor.
Muito bom!! esse poema nos leva a reflexão, penso se tenho ou não contribuído com essa desconstrução, sou honesto ou desonesto?
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