segunda-feira, 25 de abril de 2016

Poema: A terra e o grão



Da rachadura da terra seca
O grão que geme,
Se espreme,
Germina,
Nasce e vinga.
Briga  com a quentura
E sob a pressão 
Da terra dura
Suas folhas vai protegendo. 

O grão insiste
E por um instante
Quase desiste
De um dia frutificar.
Segue gemendo,
E aos poucos 
Se espremendo
Para que em meio ao sol ardendo
Possa a vida contemplar.

O sol se intensifica,
As folhas perdem a cor.
Da terra rachada e seca
Sentem o imenso dessabor.
O vapor se espalha
Tal qual quentura d'uma brasa.
A folha se espreme,
Ressequida se joga à terra
Enquanto se sente despida
Aguarda a beleza da primavera.

O grão que há pouco
Se apertava ao chão
Dessa vez se sente fraco
E sem animação.
A semente sofre,
Não consegue continuar,
A quentura intensa
Sufoca do grão a essência
E faz o fruto sangrar.

Depois vem a chuva
E a paisagem seca 
E turva
Começa a se modificar.
O grão de novo se espreme,
Se rasga, sofre e geme
E faz a vida despontar.
                    André Santos Silva


Comentários do autor

  
     A beleza da natureza se expressa por meio dos diversos desafios milagrosos que a cercam. 
     Diariamente, somos surpreendidos por inúmeros comportamentos, e esses, tão particulares, sejam benéficos ao homem ou prejudiciais, embelezam a realidade da vida e do seu ecossistema.
     Por isso, é importante que o homem se sinta peça angular na conservação do meio em que vive, promovendo a vida na sua diversidade. 



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